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A importância da agricultura familiar para a produção de alimentos


No final do ano de 2017 o Governo de Portugal publicou o ambicioso “Novo Estatuto para a Pequena agricultura familiar” que estará em vigor até março de 2018 e pretende valorizar este modelo agrícola e ajudar a um regime fiscal “mais favorável” para estes agricultores. Sabe o que é a agricultura familiar?


Em que consiste a agricultura familiar?

Numa explicação muito simplista podemos afirmar que a Agricultura familiar consiste num modelo agrícola praticado por pequenos proprietários rurais que tem como mão de obra principal e disponível a do agregado familiar, destacando-se a sua polivalência em diversas áreas do desenvolvimento rural. É importante realçar que a agricultura familiar está presente tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento, realiza produções agrícola, florestal, pastoril, de caça e pesca, e é a forma predominante de agricultura no setor quanto à produção de alimentos.

O processo construtivo e de identidade deste modelo nasce na reversão do papel atribuído à agricultura realizada, como “atrasada” ou “ineficiente“ e o interesse académico e governamental que cresceu em seu torno classificou recentemente as suas práticas como “sustentáveis” e “produtoras de alimentos”.

Este caminho é alargado quando em dezembro de 2011, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2014 como o Ano Internacional da Agricultura Familiar.

Quando 2014 foi vinculado como o Ano Internacional da Agricultura Familiar, este visava aumentar a visibilidade da agricultura familiar e dos pequenos agricultores, focalizando a atenção mundial no seu importante papel para a erradicação da fome e pobreza, provisão de segurança alimentar e nutricional, melhora dos meios de subsistência, gestão dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e para o desenvolvimento sustentável, particularmente nas áreas rurais (FAO, 2014)

A agricultura familiar desempenha um importante papel:

Socioeconómico: Existem dados que comprovam que os países que mais prosperaram tem a sua agricultura fixada nas bases familiares e que a desigualdade económica e social resultava dos países maus gestores desse sector. É necessário elucidar que o importante papel da agricultura familiarpara regular as carências alimentares e nutricionais de algumas nações é resultante da eficiência dos seus agricultores familiares. Assim, A promoção de oportunidades e um desenvolvimento mais equitativo e equilibrado desta irá aumentar a conscientização dos desafios destes pequenos agricultores e ajudá-los.

Ambiental: A ampla área de produção da agricultura familiar, referida em cima, promove ao nível regional e nacional efeitos muito positivos na gestão dos recursos naturais e para a proteção do meio ambiente. A cooperação que existe melhora e aumenta os meios de subsistência e influencia o desenvolvimento sustentável, particularmente nas áreas rurais, positivamente.

Cultural: O caráter familiar da agricultura familiar diferencia as estratégias ao longo dos anos e transmite tradições e modos intemporais (fundamentados pela singularidade da família, pelas formas de produzir e pelo modo de vida). Mais importante é a adaptação às condições modernas de produzir e de viver em sociedade e serem inseridos no mercado.

A agricultura familiar e a dinamização dos territórios rurais

Com a criação do Estatuto da Pequena Agricultura Familiar é espectável que os territórios rurais sejam dinamizados pelas suas características agroecológicas e valorizados pelas condições territoriais que apresentam.

O desenvolvimento da agricultura familiar deve culminar na sustentabilidade do território e do ambiente em que está inserido e promover a coesão social. Tendo em conta que a agricultura familiar baseou a ocupação do território na unidade entre gestão e trabalho e estrutura familiar, as políticas públicas de desenvolvimento devem disponibilizar o acesso a educação especializada e a garantia das condições demográficas, económicas e socioculturais;

Contudo a agricultura familiar tem algumas especificidades, nomeadamente ao número de dimensões diferentes, para a qual é necessário adotar medidas de apoio específicas, ao nível local e de acordo com realidade agrária.

O potencial de desenvolvimento de cada território deve ser complementado com acesso e facilidade ao financiamento e aos mercados (internos e externos) e ainda serem adicionados os pacotes tecnológicos e as extensões destes. Mais do que trabalhar à escala local e ao nível do agricultor, é importante não descorar o trabalho em rede e para rede, onde as decisões tomadas sejam acompanhadas e devidamente estudadas.

Assim a agricultura familiar, como modalidade de organização de atividades produtivas (Santos, 2017), com particular relevância, tem relação directa na criação de emprego, preservação do ambiente e biodiversidade em grande parte do território. Este estatuto vem reforçar as suas potencialidades, garantir a gestão do ambiente e sobretudo, dinamizar a vida social nos espaços rurais.

Reconhecendo a importância da agricultura familiar, e para garantir o seu futuro, é necessário melhorar os métodos de produção e os circuitos de comercialização e escoamento de produtos produzidos, promovendo uma agricultura sustentável e a gestão dos recursos naturais que terá um papel fulcral de contrariar a desertificação dos territórios do interior»,

Se tivermos em conta que cerca de 40% do universo total dos agricultores portugueses, ou seja, cerca de 100 mil agricultores esperam por este conjunto de medidas adicionais e serão os principais alvos do programa então percebemos o impacto, que se espera positivo, que a agricultura portuguesa irá ter. Este pacote de medidas permitirá que estes agricultores acedam a medidas específicas de higiene e segurança alimentares, negociação com organizações de produtores, adaptadas à sua dimensão económica e a linhas de crédito adaptadas a este segmento da agricultura;

A importância da agricultura familiar para Portugal

Destacando que o conjunto de medidas tomadas pelo Governo Português estão inseridas no quadro da Política Agrícola Comum e reconhecendo a importância da pequena agricultura, devemos relembrar que Portugal é um país envelhecido, a recuperar de uma crise financeira e social grave que durou uma década, e é necessário estimular na população jovem e ativa que a agricultura é uma saída possível, ainda que o caminho até ela seja duro, longo e muito trabalhoso.


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