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Ginjinha de Óbidos: história do famoso licor

Atualizado: 26 de jun. de 2019

Dizem que ir a Óbidos e não provar a famosa Ginjinha de Óbidos, é como ir a Roma e não ver o Papa!

A criação de licores à base de frutas remonta a tempos e locais ancestrais, onde estas eram tidas como medicinais ou na cura de diversos males. É difícil estabelecer com exactidão a origem do aparecimento da ginja. Contudo, pensa-se ser procedente da Ásia menor, das margens do Rio Cáspio, tendo sido gradualmente dispersa pelos países mediterrânicos através das rotas comerciais.

Na Etnografia Portuguesa, José Leite Vasconcelos, refere que Plínio o velho (séc. I DC), famoso escritor romano, louva as ginjas da Lusitânia.


Portugal tem, de facto, no Oeste, nomeadamente no concelho do Óbidos, graças ao seu particular microclima, as melhores ginjas silvestres da Europa. E foi por esta razão que aqui nasceu o tão famoso licor de Ginja, a Ginjinha de Óbidos.

Este licor tem um forte sabor, intensamente perfumado com o agridoce das ginjas. De cor vermelho escuro, o licor apresenta duas variedades distintas: o licor simples e o licor com frutos no seu interior, por vezes aromatizado com baunilha ou um pau de canela.


Acredita-se que a origem deste licor remonta ao séc. XVII, de receita conventual, da qual um frade tirou partido das grandes quantidades de fruto existentes na região, executando o refinamento do licor hoje conhecido. A fórmula foi gradualmente difundida, passando o licor a ser confeccionado a nível familiar por obidenses, orgulhosos de presentear ilustres hóspedes com a melhor das ginjas.


História da Ginjinha de Óbidos


Com o despertar de Óbidos para o turismo, um contador nato de histórias e de grande visão comercial, de seu nome Montez, abriu o primeiro bar da vila, que cedo se transformou no ponto de encontro de uma classe abastada, tendo a ginja sido catapultada para o circuito comercial como bebida da casa.

Com o decorrer do tempo abriram-se novos bares e começou então a competição entre eles pela posse da melhor ginja. Mais ou menos alcoólica, mais ou menos doce, mais ou menos ácida, a Ginja de Óbidos é um ex libris da vila de Óbidos que empresta fama às célebres «noites de Óbidos».


Cita-se, a título de curiosidade, uma receita fantasiosa que tornou o licor famoso.


«Colocam-se dentro de um castelo rodeado de muralhas, os seguintes ingredientes:

  • 11 igrejas;

  • um número significativo de casas caiadas de branco com as barras de várias cores;

  • umas quantas chaminés mouriscas;

  • 2 dúzias de ruas empedradas;

  • 1/2 dúzia de largos e um pelourinho.

Mexe-se continuadamente, vai-se polvilhando com flores. Após criar uma certa consistência, adiciona-se um conjunto de tradições que baste e uns quantos atos históricos a gosto. Agita-se finalmente muito bem e deixa-se repousar durante oito séculos. Deve beber-se no local próprio, com elas ou sem elas, à temperatura ambiente.»


A Receita do licor de ginja


Como já foi dito anteriormente, a receita original permanece no segredo dos deuses. No entanto, há diversas variantes que foram testadas e que produzem uma óptima ginjinha.


Ingredientes:

  • 1 kg de ginjas (ginjas maduras mas sem qualquer tipo de beliscadura)

  • 1 litro de aguardente de uva

  • 750 gramas de açúcar ( Há quem prefira o açúcar mascavado ou o açúcar amarelo, mas o açúcar branco refinado serve igualmente)

Preparação:

- Lave as ginjas para lhes retirar o pó, e tire-lhes os pés.

- Depois de lavadas seque-as com papel absorvente.

- Deite as ginjas num frasco ou garrafa de boca larga.

- À parte misture a aguardente e o açúcar e verta o preparado sobre as ginjas.

Há quem tape bem e conserve num local escuro durante três a seis meses, mas também há quem ponha as garrafas ao Sol


Nota: Poderá ir provando para testar o sabor, acrescentar ingredientes se preferir ou colocar um pouco mais dos ingredientes já existentes


Há quem...

- deixe as ginjas a macerar no açúcar durante quarenta e oito horas, e só depois junta a aguardente.

- utilize as quantidades indicadas nos ingredientes, mas junte 750 cl de vinho tinto de 13,5º (Junta-se o vinho para que a graduação final seja menor. E a graduação da ginja tem de ficar entre os 18/20º) e 4 barrinhas de canela.

- prefira aguardar um ano para consumir a ginjinha.


Depois só tem de saborear!


Se tem uma ginjeira em casa pode experimentar a receita e deliciar-se com a sua Ginjinha caseira.


Deixamos uma sugestão para este fim-de-semana:





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